A colheita

O fator principal para se obter colmos resistentes de bambu começa pela forma e a hora da colheita. A época do ano que o bambu guarda uma maior parte de suas reservas nas raízes (rizomas), é o inverno, o momento antes do aparecimento de novos brotos. Colhendo o bambu neste momento, obtém-se produto com menor teor de açúcar, que é o alimento dos insetos e dos fungos. No Brasil, esta época é no meio do ano: maio, junho, julho e agosto.
Outra atenção especial a ser tomada é a idade do bambu. Para fins de tecelagem ou cestaria usam-se bambus jovens e imaturos, pela sua flexibilidade. Para fins de construção deve-se usar bambus maduros, com cerca de 3 a 4 anos, quando atingiram sua resistência ideal.As horas antes do amanhecer são as ideais para a colheita do bambu. Após o corte, aconselha-se deixar o bambu em pé no local da colheita, ainda apoiado nos bambus vizinhos, por cerca de 2 a 3 semanas. Neste tempo ele secará, mas ainda nas mesmas condições de temperatura, pressão e umidade em que sempre viveu. Depois deste período, o bambu passará por todo o processo de tratamento para ser empregado em móveis, artesanato, construção e outros.

As espécies

No mundo existem aproximadamente cerca de 1250 espécies de bambu, divididas em cerca de 90 gêneros. São encontrados em altitudes que variam de zero a 4800 metros. Os tons de cor são variados: preto, vermelho, azul, violeta, tendo o verde e o amarelo como principais. Resistem a temperaturas abaixo de zero (principalmente os leptomorfos ou 'runners') e a temperaturas tropicais (principalmente os paquimorfos ou ‘clumpers’). No Brasil existem muitas espécies nativas e exógenas (não-nativas).

O bambu da espécie Bambusa vulgaris é muito espalhado pelo país, porém é originário da China, e possui colmos grossos e de cor verde. Uma variação desta espécie é a Bambusa vulgaris "vittata" , também chamado de "bambu brasileiro", "imperial" ou "verde amarelo", e possui grande apelo estético. O gênero Bambusa possui apenas bambus de rizomas paquimorfos, ou seja, de colmos bem juntos. O gênero Bambusa é usado como polpa de pape além de fonte de bebida alcoólica.

Existem ainda muitas outras espécies de bambus do gênero Bambusa. O Bambusa lako, conhecido como 'black timber bamboo', tem colmos negros, e o da espécie Bambusa
ventricosa, conhecido como 'bhuda's belly', tem os entrenós inchados.

A espécie de bambu mais conhecida no mundo é a Phyllostachys aurea, aqui chamado de "bambu-mirim", e lá fora de "Golden Bamboo", "Fishing pole Bamboo" entre outros. Ele é um bambu de rizomas leptomorfos, por isso mais adaptado ao clima temperado. É usado para varas de pescar, estruturas, móveis e trançados pela sua grande resistência.

O gênero Phyllostachys é o mais variado, tendo grande número de espécies. Outro bambu muito apreciado deste gênero é o Moso: Phyllostachys pubescens, Phyllostachys Edulis ou ainda Phyllostachys heterocycla "Pubescens", muito usado na China para obtenção de brotos comestíveis. É o bambu usado nos laminados de bambu para piso e painéis (Plyboo).

O gênero Dendrocalamus é originário da Ásia também, onde encontramos muitos espécimes da espécie Dendrocalamus asper no Rio de Janeiro/RJ e em Campo Grande/MS. Esta espécie costuma ser chamada de "bambu-balde", pela sua grossura. Podem chegar a 25 cm de diâmetro e cerca de 25 metros de altura. Seus brotos são comestíveis. Quando jovens estes bambus apresentam penugem áspera marrom, quase dourada. O maior bambu de todos é o da espécie Dendrocalamus giganteus.

O bambu do gênero Guadua tem uma importância crucial na economia de Equador e Colômbia. É uma espécie conhecida dos nativos há pelo menos 5000 anos. Anteriormente incluídos no gênero Bambusa, este bambu nativo da América possui espécies com tremenda resistência, o Guadua angustifolia, sendo notadamente tido como um excelente material de construção. Sua característica mais chamativa é os nós brancos. No Brasil, existem vastas florestas naturais de Guadua na Amazônia. Encontra-se Guaduas em grande parte do território brasileiro, do sul a norte.

A estrutura

Tal como as árvores, o bambu também é constituído por uma parte aérea e outra subterrânea. A parte aérea é denominada de colmo, enquanto a subterrânea é formada pelo rizoma e raízes.

Colmo:
Os colmos se caracterizam por ter uma forma cilíndrica e apresentar uma seqüência de entrenós ocos separados transversalmente um dos outros por diafragmas que aparecem externamente como nós, de onde saem ramos e folhas.

Raiz e Rizomas:
Os rizomas são caules subterrâneos, com nós regularmente espaçados. É nestes nós que crescem os rebentos que, ao desenvolverem-se, podem dar origem a novos rizomas ou caules aéreos.As raízes podem ser mais ou menos ramificadas, mas sempre de diâmetro relativamente diminuto (alguns milímetros). A sua função é captar alimento para planta, fornecendo-lhe nutrientes e absorvendo a água existente no solo.

Os ensinamentos do Bambu

Através da observação e da percepção, é possível identificarmos muitas associações entre o bambu chinês e as nossas vidas pessoal e profissional. Essas associações, que são verdadeiras lições de vida, mostram como é importante a existência da flexibilidade, da adaptabilidade, da determinação, da humildade etc, para que o ser humano possa viver melhor, com mais saúde física e emocional, com mais respeito e sabedoria para lhe dar com as questões do cotidiano, com as pessoas e com os relacionamentos.
Tal como o seu crescimento, o bambu mostra como é importante colocarmos objetivos em nossas jornadas, com persistência e paciência. Depois de plantada a semente do bambu, não se vê nada por aproximadamente 05 anos, exceto um lento desabrochar de um broto a partir do bulbo. Durante esse tempo, todo o crescimento é subterrâneo, invisível a olho nu, mas uma maciça e fibrosa estrutura de raiz que se estende vertical e horizontalmente pela terra está sendo construída. Então, no final do 5º ano, o bambu chinês começa a crescer até atingir a altura de 25 metros.
Há um texto em que Stephen R. Covey, consultor organizacional e palestrante de assuntos de liderança comenta: "Muitas coisas na vida pessoal e profissional são iguais ao bambu chinês. Você trabalha, investe tempo e esforço, faz tudo que pode para nutrir seu crescimento e às vezes não vê nada por semanas, meses ou anos. Mas se tiver paciência para continuar trabalhando, persistindo e nutrindo, o seu quinto ano chegará, e, com ele, virão um crescimento e mudanças que você jamais esperava".
O bambu chinês ensina que não devemos desistir facilmente de nossos projetos e sonhos, mesmo diante das dificuldades que surgirão, pois precisamos ser mais flexíveis, e nos adaptar para cada realidade, para cada momento presente. Como diz um velho ditado, ”é preciso muita fibra para chegar às alturas e, ao mesmo tempo, muita flexibilidade para se curvar ao chão”.
"A natureza tem muito a nos ensinar, mas precisamos estar abertos e receptivos a estes ensinamentos".

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A origem do Bambu

Há indícios de que a palavra bambu tenha origem através do forte barulho provocado pelo estouro dos seus colmos quando submetidos ao fogo, “bam-boo”. No Brasil, para denominar esta planta, os indígenas empregavam, entre outras, as palavras taboca e taquara.
Os bambus pertencem à família das gramíneas e a subfamília Bambusoideae que por sua vez se divide em duas grandes tribos: bambus herbáceos (Olyrae) e os bambus lenhosos (Bambuseae).
O bambu é a planta de crescimento mais rápido do planeta. Algumas espécies podem crescer até um metro por dia, e este padrão de crescimento o torna facilmente acessível num pequeno espaço de tempo. Os tamanhos entre as espécies vão desde miniaturas com até 01 metro de comprimento, até espécies gigantes que podem atingir cerca de 35 metros.
O bambu tem alta velocidade de propagação, e o seu tempo de amadurecimento na plantação varia de cinco a sete anos. Além de ser ecologicamente correto, é uma matéria-prima abundante e importantíssima no balanceamento entre oxigênio e dióxido de carbono na atmosfera. Com seu rápido crescimento, ele tem a capacidade de reflorestar rapidamente áreas devastadas pelo desmatamento, além de gerar mais oxigênio que as demais lenhosas. Ele diminui a intensidade de luz e protege contra os raios ultravioletas, atuando como um purificador atmosférico e dos solos.
O bambu substitui a madeira em diversas aplicações, e com isso, diminui o impacto ambiental. Ele cresce espontaneamente em qualquer região do mundo, na África, América, Oceania e principalmente na Ásia, de onde são originárias grandes partes de suas espécies.

É muito utilizado em numerosos ramos da ciência e do trabalho humano por sua rapidez de crescimento, seu caráter nutritivo, resistência, flexibilidade, entre outras características importantes.

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